na tarde turva e despovoada?
De que antiga, límpida música
recebo a lembrança apagada?
Minha vida, numa poltrona
jaz diante da janela aberta.
Vejo árvores, nuvens, - é a longa
rota do tempo, descoberta.
jaz diante da janela aberta.
Vejo árvores, nuvens, - é a longa
rota do tempo, descoberta.
Entre os meus olhos descansados
e os meus descansados ouvidos,
alguém colhe com dedos calmos
ramos de som, descoloridos.
e os meus descansados ouvidos,
alguém colhe com dedos calmos
ramos de som, descoloridos.
A chuva interfere na música.
Tocam tão longe! O turvo dia
mistura piano, árvore, nuvens,
séculos de melancolia...
(Cecília Meireles)